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Os ISBN cinco anos depois

por Flávio Gonçalves, em 11.06.19

Esta era uma das medidas que sempre esperei ansiosamente que o Ministério da Cultura de um governo socialista revertesse, regressando os ISBN gratuitos como medida de apoio à cultura em vez de financiarmos directamente a APEL, tornando-nos sócios se aceites como tal, ou indirectamente, comprando os ISBN à APEL, pagando quantias a meu ver absurdas para pequenos editores. A APEL neste caso tem funcionado como uma agência nacional de ISBN, que noutros países avançados é - tal como o registo ISSN e o Depósito Legal - um serviço público garantido pelo Estado. Pode ser que na próxima legislatura os poucos editores independentes não sócios da APEL (se é que existe ainda algum) se organizem e alertem o governo para este pormenor.

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Suu Kyi, de bestial a besta

por Flávio Gonçalves, em 08.06.19

Recordo as críticas que recebi quando opinei que Aung San Suu Kyi seria uma opção pior para Myanmar (antiga Birmânia) do que a Junta Militar. Só me acreditaram aquando do genocídio dos rohingya, não fosse por isso talvez me acreditassem hoje aquando do encontro desta com Viktor Orban. Entretanto veio a público que representantes do governo desta se encontram em Israel com a intenção de comprar armamento, em violação das sanções internacionais actualmente em vigor. Agora, quanto ao Guaidó...

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As leis da memória em Espanha e o Vox

por Flávio Gonçalves, em 08.06.19

O Supremo espanhol travou a exumação de Franco, o disparate que fez espoletar o sucesso de Vox. Infelizmente o mal já está feito, veremos se pelo menos serve de vacina aos restantes partidos socialistas europeus. Infelizmente o Podemos aparenta querer insistir no disparate das "leis da memória", sem conseguir reconhecer que foram precisamente disparates ideologicamente histéricos como esses que fizeram surgir em Espanha o Vox. 

É por isto que são necessários os votos no centro-esquerda, único travão dos extremistos tanto à esquerda como à Direita. Não sei em que medida todo este histerismo politicamente correcto da extrema-esquerda espanhola não advém do trauma de Franco lhes ter entregue a democracia de bandeja. Cá em Portugal foi necessária uma revolução, será esse o trauma? A ditadura dei-lhes a democracia e isso chateia?

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A cegueira da "frente única" do centrão europeu

por Flávio Gonçalves, em 08.06.19

extrema-direita na Suécia irá integrar o executivo de 5 municípios suecos em coligação pós-eleitoral com partidos do Partido Popular Europeu. Falem-me novamente dessa frente única com a direita contra o "fascismo" em vez de governar à esquerda sem nos confundirem com liberais...

O Paulo Rangel foi reeleito vice-presidente do Partido Popular Europeu com os votos da extrema-direita húngara, reintegrada no PPE logo após as eleições quando supostamente estaria suspensa por seis higiénicos meses. Falem-me novamente dessa frente única com a direita contra o "fascismo" em vez de governar à esquerda sem nos confundirem com liberais...

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O lúcido José Miguel Júdice

por Flávio Gonçalves, em 08.06.19

Tenho forçosamente que admitir uma certa estima intelectual e moral para com José Miguel Júdice, as vicissitudes da vida fizeram-nos percorrer uma via que nos trouxe a ambos ao Partido Socialista e até segui o seu exemplo de escrever uma carta aberta nas páginas do O Diabo, jornal por onde ambos passamos, a despedir-me dos camaradas com cujo ideário há muito já não me identificava (pese embora a diferença geracional, militamos ambos em organizações juvenis da direita até a consciência da maturidade nos guiar para o progressismo centrista da esquerda).

É por isso que me agrada a sua lucidez ao constatar um facto quanto à direita portuguesa no seu conjunto, em Portugal "a direita não sabe fazer combate político", do mais centrista PSD ao mais extremista PNR ou Chega! é uma verdade inegável. Os estrategas direitistas lusos, no seu conjunto - salvo algumas excepções intelectuais - "são atrasados mentais nessas matérias" e esse, entre outros factores, contribui para a inexistência da extrema-direita no Parlamento nacional (outro factor mais descurado é o facto dos militantes da direita radical portuguesa na prática já se encontrarem confortavelmente instalados no aparelho e no funcionalismo público afecto ao PSD e ao CDS). Esteve bem José Miguel Júdice, que por vezes ainda resvala demasiado para mera ala esquerda do centro-direita liberal nas suas análises televisivas... ossos do ofício, suponho.

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Eleições: dois desejos e uma sugestão

por Flávio Gonçalves, em 08.06.19

Tenho um desejo utópico para as próximas eleições, que a imprensa e televisões escrutinem e nos expliquem os programas eleitorais dos partidos, que os cidadãos sejam finalmente elucidados quanto ao poder e repercussão do seu voto, que os jornalistas dos jornais, revistas e televisões informem os eleitores em vez de especular com um populismo que cá não pega.

Tenho um desejo distópico para as próximas eleições, e já o tenho defendido ao longo dos anos em vários artigos de opinião tanto na imprensa açoriana como portuguesa: torne-se o voto obrigatório e penalize-se quem não vá votar com uma multa simbólica de 20€, se querem protestar o regime que votem nulo ou em branco, se lhes é indiferente que paguem o preço dessa indiferença uma vez que ao longo de séculos muitos morreram pelo seu direito a votar.

Tenho uma sugestão democrática para as próximas eleições, atribuir meio dia de folga sem perda de rendimentos a todo o cidadão que vá votar. Um incentivo realista e democrático, mais que esperar que os jornalistas façam o seu trabalho ou que o governo torne o voto em obrigatório. É uma alteração legislativa simples, embora descreia que o meu partido (PS) e o outro (PSD) a apliquem dado o risco que esse novo eleitorado poderá constituir a votar em massa em pequenos partidos extraparlamentares e a irritação que pagar meio dia e subsídio de almoço aos trabalhadores constituirá para o patronato luso, cuja mentalidade esclavagista rivaliza mesmo com a dos empresários dos EUA.

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Rescaldo eleitoral

por Flávio Gonçalves, em 08.06.19

É em semanas como estas que tenho pena de já não estar numa redacção a reportar, indagar, entrevistar e a explicar o mundo e a Europa aos leitores e eleitores... curiosamente parece que a maior parte das pessoas que está efectivamente numa redacção mainstream não tem essa vontade... as eleições em Portugal fazem-me pensar cada vez mais na letra de "A Gente Não Lê" (sublime na voz de Isabel Silvestre): "e do resto entender mal, soletrar assinar em cruz, não ver os vultos furtivos, que nos tramam por trás da luz". 

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O Autor


Colaborador da edição portuguesa do Pravda.ru, tradutor, editor da Libertaria.pt, autarca e político a tempo parcial, socialista a tempo inteiro, membro do Conselho Consultivo do Movimento Internacional Lusófono, activista do Conselho Português para a Paz e Cooperação, açoriano e muitas outras coisas. Escrevo sobre comida, livros, música e outras irrelevâncias culturais no Livros à Mesa. Encontram-me em língua inglesa no Autarkies. Endereço para envios promocionais (livros, revistas, zines, etc.): Flávio Gonçalves, Apartado 6019, EC Bairro Novo, 2701-801 Amadora

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