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Liberdade * Geopolítica * Socialismo
Em 2010 ocorreram certamente muitas coisas dignas de nota, uma delas não foi obviamente a minha inclusão na redacção do semanário político O Diabo para revitalizar, entre outras coisas, a secção de cultura - algo normalmente descurado em publicações deste género e uma luta inglória que testemunhei em primeira mão no braço de ferro entre o director de então (a favor de aumentar a secção de cultura do jornal) e a administração (que considerava tal como desnecessário e irrelevante).
O jornal, do qual a política acabou por me distanciar, foi o primeiro local a acolher-me como "crítico" literário (nunca gostei muito do termo), mesmo após o meu afastamento mantive a confiança de várias editoras e acabei por continuar a escrever sobre livros e autores em vários blogues pessoais e colectivos, páginas de revistas de curta tiragem e jornais regionais diários, quinzenais ou mensários até integrar a redacção de língua portuguesa do lendário Pravda.ru (onde estimamos que 90% do público seja brasileiro e lusófono).
Sucede que ao colaborar com publicações mais politicamente vincadas e dispersando os textos que escrevo por várias plataformas ao gosto do suposto público alvo, achei necessário - mais não fosse por questões de organização mental e respeito pelos editores e autores que volvidos mais de 9 anos ainda insistem em enviar-me livros - criar um espaço onde me pudesse concentrar apenas nas obras que recebo (em número suficiente ao ponto do carteiro habitual ter combinado comigo um toque de campainha 'secreto' para saber quando há livros para recolher, evitando que carregue esse peso e eu não tenha que me deslocar à estação dos CTT da minha zona para os levantar), nos autores que me agradam e, como um prazer não vem só, porque não nos restaurantes por onde passo e os pratos que confecciono?
Da resenha ao mero tratamento jornalístico (vulgo, divulgação) creio ser mais útil aos autores, editores e à minha boa consciência concentrar-me num espaço onde posso publicar textos curtos, que não passariam no crivo editorial de uma publicação convencional, sugerir entrevistas, locais de boa mesa e livrarias por onde passo. Tendo já passado por meia dúzia de redacções e lido dezenas de blogues sobre livros em língua portuguesa, castelhana e inglesa, evitarei em absoluto fazer como alguns "colegas" que se limitam a divulgar os textos da contracapa e fingir que leram as obras. Como o nome Letras com Garfos já estava registado, creio que Livros à Mesa serve bem o meu propósito e é um título que me agrada. Sejam, pois, bem-vindos. Estamos abertos para férias.
Estou extremamente orgulhoso dos eurodeputados socialistas portugueses, alemães, franceses, britânicos, búlgaros e eslovacos que tentaram convencer o Socialists and Democrats Group in the European Parliament a votar contra o reconhecimento de Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela quando este não tem qualquer apoio interno no seu próprio país. Estão também de parabéns os eurodeputados austríacos, alemães, búlgaros e portugueses do Partido Socialista Europeu que se opuseram, sem sucesso, a que a nova lei referente a Violações de Direitos Humanos não hostilizasse a Rússia. Fracassaram, mas que tenham tentado já me enche de orgulho. Ainda há esquerda atenta no PS, ainda há esquerda atenta no PSE, e um dia seremos novamente maioria!
Pessoalmente gosto de sindicatos aguerridos, como na Europa, com piquetes de greve à porta a impedir os fura-greves de entrar, com fundos de greve que pagam o ordenado aos grevistas e que conseguem conquistas sociais. Creio é que na mornice portuguesa já não sabemos lidar com sindicatos e activismo a sério, tanto que a CGTP nos habituou às greves e manifestações "por calendário" e a UGT a conseguir acordos cordiais à mesa com o patronato.
Aparentemente noticiam-se cada vez mais trabalhistas que odeiam Jeremy Corbyn e adoram Tony Blair. A meu ver não são de esquerda, lamento informá-los. Mas compreendo, no PS também temos uma multidão de gente de direita que julga ser de esquerda, e estes odiavam Costa antes deste ser eleito. Portanto, creio que também estes irão gostar de Corbyn se este também conseguir ser eleito. Os amores e os ódios na política são muito voláteis, eu também não irei gostar de Corbyn se este for eleito e governar à Blair... tal como não me agradaria Costa se este tivesse optado, suicidariamente, por um governo de bloco central com Passos Coelho.
Ainda no espírito do que referi ontem, aconselho este magnífico vídeo do Jimmy Dore que realça precisamente o meu ponto de vista sobre como a dita diversidade e multiculturismo na realidade se limitam a camuflar a "luta de classes unilateral" (Chomsky dixit) do mundo em que vivemos. Eu resumo, o Vox elogiou a diversidade do painel de moderadores do debate dos candidatos à nomeação do Partido Democrata à presidência dos EUA, contudo o comediante Jimmy Dore (de esquerda) realçou um pormenor que lhes escapou ou ignoraram deliberadamente, sim senhor, estão representadas as minorias de ascendência sul-americana, afrodescendente e LGBT... "temos um milionário negro, uma milionária branca, um milionário hispânico, um milionário estúpido e uma milionária gay", ou seja, zero de diversidade social e esta sim é bem mais relevante que o pedigree hoje em dia. Como referi no Twitter: "contudo, continuam a achar que não é uma questão de classe, mas de racismo e combate ao mesmo..."
Admito não ter conseguido ler na totalidade o texto de Maria de Fátima Bonifácio. Mais devido ao ódio de classe que ao racismo (notório, mas mero apêndice da sua identidade e preconceito de classe). O problema em Portugal passa mais por o criado ganhar o ordenado mínimo e o patrãozinho vários milhares de euros do que com problemas de pele e costumes. Mas assim se distrai o povo do essencial, todos estes males advêm do capitalismo selvagem e do espírito esclavagista do patronato português, é esse o elefante na sala cuja existência ninguém quer assumir. PS - acho absurdas as quotas, são um gesto paternalista que a meu ver demonstram um preconceito não assumido (o tal fardo) por os coitadinhos dos negros e ciganos precisarem da mãozinha patriarcal branca heterossexual, mas muito solidária com as minorias, para os ajudar e guiar numa evolução para a respeitabilidade da cultura eurocentrista.
Uma rápida pesquisa demonstrará a minha antipatia por José Manuel Coelho (o mesmo provavelmente até me poderia processar por difamação), mesmo assim custa-me digerir que por difamação e desobediência se cumpram três anos e meio de pena efectiva. Soa mais a Estado Novo que a 25 de Abril, perdoem a ousadia os juízes nestas lusas terras. Temos todos cada vez mais que ponderar e autocensurar tudo o que afirmamos e escrevemos.
Sputnik e RT: financiados pelo governo da Rússia, conclusão: nada fiáveis. RTP: financiada pelo governo de Portugal, conclusão: plenamente fiável. Público: financiado em parte pelo governo dos EUA (via FLAD) e por um empresário, conclusão: plenamente fiável. Não há um certo preceito xenófobo na apreciação que alguns políticos e jornalistas fazem quanto às suas fontes jornalísticas? Nem o Pravda.ru escapa, e somos privados, não recebemos um cêntimo do governo russo mas "é russo", logo não é de fiar, logo é um preceito xenófobo... digo eu.
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