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Estudos superiores como vocação

por Flávio Gonçalves, em 27.08.20

Sou de uma geração que assistiu à transição entre seguir uma carreira universitária por vocação vs escolher o curso cuja saída inclui ordenados mais altos, contudo notei que fora deste debate ficaram outras razões pelas quais as pessoas optam por cursos universitários, no meu caso pessoal as duas licenciaturas que iniciei acabaram por ser seguidas mais por interesse político e militância dos meus tempos de juventude: numa primeira hora ingressei em História por considerar a dita formação como uma mais valia que casava o interesse que tinha pela mesma com a perspectiva de uma carreira como investigador e autor em paralelo à de activista político.

À medida que fui evoluindo e os meus interesses resvalaram mais para a geopolítica e como as relações entre as nações afectam mais as políticas nacionais que quaisquer episódios da História dessas próprias nações ou continentes onde se inserem, transferi-me para Estudos Europeus tendo em vista uma carreira diplomática e, uma vez mais, a perspectiva de uma carreira como investigador e autor em paralelo à de activista político. Excusado será dizer que não completei nenhuma das licenciaturas, pese embora toda a pressão familiar e até partidária para tal. Por mais interessante que fosse os dados que desvendava ao estudar as cadeiras destas licenciaturas, não me davam ânimo a querer estudar e tornaram-se numa rotina semelhante à de um emprego, que temos por necessidade e não por gosto.

A verdade é que desde muito novo já escrevia pequenos relatos e histórias no telex da empresa do meu pai, tive o meu primeiro texto de não-ficção publicado num jornal teria eu 12 ou 13 anos, devorava o extinto semanário "Expresso das Nove" ao ponto do comercial do jornal me oferecer uma assinatura anual, sempre que o meu pai ia ao estrangeiro em trabalho pedia-lhe que me trouxesse jornais dos países por onde passava, cresci a ler as aventuras do Pato Donald como jornalista do "A Patada" e as aventuras de jornalistas fictícios como Spirou, Tintim e depois Clark Kent (Super-Homem) e até Peter Parker (Homem-Aranha, fotógrafo num jornal), estive na fundação da rádio da minha escola secundária e na refundação do jornal académico "O Arauto", com meros 14 anos editava fanzines com uma máquina de escrever, recortes, uma régua com letras de forma e letras decalcáveis, devorava obras de jornalismo de investigação...

Enquanto perdia o tempo a frustrar-me nas licenciaturas de História e depois Estudos Europeus, em paralelo fiz parte da redacção de um semanário durante 6 anos, cheguei a colaborar duas vezes na extinta "Focus"... ainda hoje escrevo em revistas e jornais, tanto digitais como em papel, saltava e salta à vista que a minha vocação era e é o jornalismo, contudo só me ocorreu uma única vez tirar a licenciatura de jornalismo, na altura em conversa com um jornalista do "Tal&Qual" sobre se devia mudar de História para Jornalismo, este constatou que em Portugal "são duas maneiras distintas de morrer de fome", visto que cá tanto a pesquisa histórica como o jornalismo de investigação não são valorizados, não despertam interesse popular nem atraem qualquer aposta por parte das universidades, Estado e órgãos de comunicação social.

Verdade seja dita que comecei a escrever em jornais aos 12 ou 13 anos, continuo a escrever aos 41 anos... e ao longo destas décadas os poucos jornalistas licenciados que conheci foram os estágios curriculares não remunerados que passaram pelas mesmas redacções que eu, e nunca ficavam pois todos os anos as universidades regurgitam mais jornalistas do que qualquer televisão, jornal ou revista conseguem absorver e mesmo estes preferem 'criadores de conteúdos' que saibam traduzir uma ou mais línguas e ainda formatar imagens do que propriamente jornalistas.

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Memória política jornalística precisa-se!

por Flávio Gonçalves, em 15.08.20

Sei que não é muito comum escreverem-se obras sobre jornais, talvez por serem realidades curtas e sem interesse académico/comercial, mas gostava de ler a história de jornais como "A Luta", "Notícias da Amadora", "República" à esquerda e até os "O Diabo", "A Rua" e "O Dia" à direita. Sempre me chocou a falta de memória quase militante que se cultiva na história da política portuguesa e que, digo eu, contribuiu em muito para a actual falta de ideologia nos partidos do centrão e falta de pragmatismo e realismo nos ditos anti-sistema.

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Manual de interpretação flaviana

por Flávio Gonçalves, em 02.08.20

Há décadas que há sempre um dilema quando alguém quer debater os conteúdos dos meus textos, alguns são contraditórios se não nos guiarmos por uma lógica simples:

1 - tenho textos ideológicos sobre como acho que a sociedade devia ser (adoptando um novo sistema de sociedade);

2 - tenho textos onde abordo políticas menos utópicas onde escrevo sobre como a sociedade pode ser se forem adoptadas outras políticas (ainda dentro do actual sistema de sociedade);

3 - tenho abordagens diferentes na análise política partidária nacional e na internacional, a tal me obriga a tradição portuguesa da falsificação ideológica onde um partido conservador-liberal diz que é social-democrata, o social-democrata diz que é socialista, e etc.

Resumindo: o mundo que eu quero é socialista e eco-libertário e provavelmente nunca existirá; o mundo em que vivemos seria muito melhor JÁ aplicando políticas socialistas democráticas;

Acredito que a Europa só será viável como federação com um "Estado" Social Europeu com Senado, Exército e uma política económica comum que inclua um Ordenado Mínimo Europeu, tal conseguirá eliminar as diferenças Norte/Sul e libertar-nos da geopolítica dos EUA ou da Rússia. Sou bastante pragmático quanto ao mundo que é possível JÁ alterando algumas políticas europeias ou nacionais e apoiando um mundo anti-imperialista e multipolar e utópico no mundo que acredito que será adoptado no futuro da Humanidade.

Post Scriptum: estou em total desacordo que os anarquistas não possam militar em partidos com ou sem correntes internas ou até criar partidos próprios, ao longo da História tal sempre foi o caso.

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O Autor


Colaborador da edição portuguesa do Pravda.ru, tradutor, editor da Libertaria.pt, autarca e político a tempo parcial, socialista a tempo inteiro, membro do Conselho Consultivo do Movimento Internacional Lusófono, activista do Conselho Português para a Paz e Cooperação, açoriano e muitas outras coisas. Escrevo sobre comida, livros, música e outras irrelevâncias culturais no Livros à Mesa. Encontram-me em língua inglesa no Autarkies. Endereço para envios promocionais (livros, revistas, zines, etc.): Flávio Gonçalves, Apartado 6019, EC Bairro Novo, 2701-801 Amadora

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