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Liberdade * Geopolítica * Socialismo
Já podemos dar os parabéns a Boris Johnson pela sua reeleição em 2024, mas pelo menos com a eleição do liberal centrista Keir Starmer para a presidência do Partido Trabalhista a esquerda identitária deve ficar em segundo plano. Permitir que esta se tornasse tão vistosa no Labour foi o segundo erro fatal de Jeremy Cornbyn, o primeiro sendo a não aceitação do Brexit e o disparate do segundo referendo.
E daí é possível que o Kei Starmer adopte muita da agenda da esquerda identitária, afinal é a melhor maneira de fingirmos ser muito progressistas e revolucionários sem alterar nem melhorar porra nenhuma na vida da classe trabalhadora e na criação de uma sociedade socialista.
Ora bem, agora é mentalizar-me para não reagir impulsivamente a todo o ódio que a esquerda portuguesa e europeia irá destilar ainda mais contra Jeremy Corbyn. Não sei se algumas alas centristas do socialismo europeu não terão mesmo aberto umas garrafas de espumante ontem. Caros camaradas do Partido Socialista Europeu e respectivos think tanks, podemos finalmente dar como facto assente que os britânicos querem o seu Brexit e que o Partido Trabalhista o devia ter aceite em vez de andar a remar contra a maré? É que estas eleições foram monotemáticas, na prática mais um segundo referendo que umas eleições propriamente ditas.
O guião para os próximos meses: culpar Corbyn por ser "demasiado de esquerda" e um "anti-semita" em vez de aceitar que o Partido Trabalhista ter sido visto como um partido do Remain ao prometer um novo referendo minou por completo qualquer probabilidade de vitória. O Corbyn seria o líder certo para um Lexit ou para umas eleições pós-Brexit, mas aceitou a patranha anti-Brexit da ala urbana e da pressão internacional dos socialistas europeus e correu mal, mesmo muito mal.
Nestas eleições britânicas o que mais me saltou à vista, foi o repúdio que muitos militantes e dirigentes do PS sentem por Jeremy Corbyn, a Terceira Via aparentemente ainda é algo viável nas lusas terras... Lúcida e certeira foi a análise de Daniel Oliveira sobre as eleições britânicas no Sem Moderação. Aconselho a toda a esquerda que retire as viseiras e recuem na box o programa do canal Q ou o ouçam no site da TSF.
Aparentemente noticiam-se cada vez mais trabalhistas que odeiam Jeremy Corbyn e adoram Tony Blair. A meu ver não são de esquerda, lamento informá-los. Mas compreendo, no PS também temos uma multidão de gente de direita que julga ser de esquerda, e estes odiavam Costa antes deste ser eleito. Portanto, creio que também estes irão gostar de Corbyn se este também conseguir ser eleito. Os amores e os ódios na política são muito voláteis, eu também não irei gostar de Corbyn se este for eleito e governar à Blair... tal como não me agradaria Costa se este tivesse optado, suicidariamente, por um governo de bloco central com Passos Coelho.
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